Taxa não ganha de tempo – mas uma outra coisa sim

É comum no mundo dos investimentos ouvirmos a máxima de “Taxa não ganha de Tempo” ou seu cognato em inglês “it’s time in the market, not market timing” sobre como o tempo funciona como um grande alavancador nos rendimentos dos seus investimentos. Em termos do Jeito Pinguim, costumo dizer que a árvore da riqueza é plantada com dinheiro e regada com tempo.

Para nós que pensamos no longo prazo e sabemos que investimentos de verdade não possuem um horizonte de prazo, o papel do tempo nas nossas carteiras de investimento é lógico e um grande aliado. Ainda assim, existe um terceiro fator além da taxa e do tempo que fica um pouco esquecido dentre a equação da riqueza.

Isto é uma pena, porque especialmente quando estamos começando a investir, ele é o fator que mais influenciará na nossa acumulação de riqueza – mais até que o próprio tempo investido.

Este fator é o aporte, e para saber como ele influencia o seu enriquecimento, assista este vídeo até o fim.

Continuar lendo “Taxa não ganha de tempo – mas uma outra coisa sim”

Como a Frugalidade traz mais Abundância na sua vida

Quando se trata de juntar dinheiro e enriquecer, a frugalidade é um fator essencial, um requerimento quase que mandatório no processo inteiro. Infelizmente, muitos ainda tendem a associar esta palavra a um conceito negativo, como um sinônimo de pão-duro, mão de vaca, e de alguém que não aproveita a vida.

Nada, porém, poderia ser mais longe da verdade. A frugalidade é o exato oposto de uma fraqueza, e sim o autocontrole e a capacidade de colocar a sua racionalidade à frente dos desejos e enxergar os objetivos sob uma lente de longo prazo. E o melhor: os benefícios da frugalidade se estendem além do âmbito financeiro, e podem contribuir (e muito!) para o seu bem estar geral também. Veja como neste vídeo.

Continuar lendo “Como a Frugalidade traz mais Abundância na sua vida”

O problema de dez reais versus problema de dez mil reais

Há um ditado na finansfera que diz que finanças pessoais não são complicadas – quem as complica somos nós*.

E realmente, não há razão para nós tornarmos complicado o processo de enriquecer: ganhe dinheiro, gaste menos que você ganha, invista as suas economias. Outras melhorias terão um efeito mínimo na sua performance fora estas três variáveis.

Ainda assim, se o processo é tão simples e descomplicado como costumo descrever, existe uma realidade paradóxica: quase ninguém consegue enriquecer consistentemente. A maioria esmagadora ainda depende dos seus empregos, acredita que o INSS irá sustentá-los até o fim da vida, e acredita que esta situação é perfeitamente normal, já que é perpetuada pela sociedade.

Existem várias causas para esta situação atual mas, recentemente, escutei no Podcast do The Minimalists uma entrevista que realizaram com o autor de finanças pessoais americano Ramit Sethi, autor do best-seller I will teach you to be Rich, onde ele averiguava uma coisa que ele chamou de “problemas de 3 dólares” versus “problemas de 30,000 dólares.” Neste episódio, Ramit argumentou que muitas pessoas acabam por confundir a necessidade de frugalidade com mesquinheza e “pão-dureza” extrema, e ao aderí-la esquecem-se dos seus problemas financeiros maiores, como quitação de um financiamento enorme da casa ou carro ou pagamento de suas dívidas.

Em outras palavras, concentrando-se num problema de dez reais (“este café de R$10 sai por R$5 lá na esquina”), elas se esquecem do problema de dez mil reais (“empurra com a barriga esse financiamento, mês que vem a gente vê de novo”) que realmente lhes assola e mantém pobres.

Ao passo que eu acredito muito no poder da frugalidade e que ela pode nos auxiliar, sim, em juntar muito dinheiro ao longo prazo, o ponto dele também é importante: afinal, de nada adianta tirar a água de dentro do navio sem antes tapar o buraco do casco que enche o convés. E assim, temos que prestar atenção para não perder o longo prazo de vista com o foco no imediatismo financeiro.

Vejamos neste post alguns exemplos de como isso pode acontecer e como evitar.

Continuar lendo “O problema de dez reais versus problema de dez mil reais”

E se tributarem os dividendos? E outros medos dos impostos

Recentemente, as redes sociais da finansfera foram atingidas por uma notícia que tremeu a fundação do movimento FIRE: o ministro da economia Paulo Guedes propôs em entrevista que dividendos e proventos de ações sejam taxados. Guedes afirmou que não acha justo que um trabalhador tenha 27% do seu salário tributado como imposto de renda enquanto um acionista consiga receber proventos, muitas vezes mensais, completamente isentos do dever fiscal, e estaria buscando uma medida para “equalizar” esta medida.

Tal notícia causou um grande alvoroço para a comunidade de investimentos, que enxergam (corretamente!) os dividendos da renda variável como uma espécie de oitava maravilha do mundo, e contam com eles para financiar seu plano de aposentadoria. Com esta proposta passando, não só não seria mais possível aproveitar da antiga alta taxa Selic para obter rendimentos passivos com a segurança da renda fixa (sonho dos rentistas), mas também quaisquer planos de criar um patrimônio de investimentos previdenciários também seria afetado significantemente.

Muitos nessas horas fazem esta primeira pergunta: e agora? Como fica o meu planejamento? É hora de parar de investir em renda variável? Estas dúvidas são naturais por conta da ameaça percebida e a falta de certeza no futuro. Porém, mais importante, elas revelam um aspecto muito mais fundamental que a população possui: o medo dos impostos.

Para ficar claro, acredito que mesmo com isto passando, não é razão para parar de acreditar no potencial e nos benefícios que o investimento em renda variável possui. Seria, porém, uma hora de você rever o impacto que os impostos (ou a sua percepção deles) tem no seu planejamento financeiro. Veja como neste artigo.

Continuar lendo “E se tributarem os dividendos? E outros medos dos impostos”

Confisco da Poupança? Só botando a mão no vespeiro

Em épocas de crises financeiras que prosseguem as bolhas, é comum um grande ar de pessimismo que beira um tom apocalíptico, onde muitos acreditam que a economia não irá se recuperar e será o fim do mundo como o conhecemos. Mas embora muitos vejam a bolsa caindo e as ações se desvalorizando como um mero efeito colateral sem muito impacto para eles em si (principalmente por conta deles não investirem), o verdadeiro pânico se inicia quando é mencionado um velho “fantasma” da economia brasileira: o confisco da poupança.

Leitores mais velhos podem até ter seus calafrios sobre o início do Plano Collor em 16 de março de 1990, quando a poupança foi congelada da noite para o dia numa tentativa nada delicada de conter a grande inflação monetária do país. E enquanto a eficiência desta abordagem com uma delicadeza de elefante é debatível, o trauma na população foi definitivo: até hoje, quando existem sombras de crise, as pessoas entram em pânico com a mera possibilidade disso acontecer novamente. Felizmente, porém, o cenário financeiro atual é bem diferente do anterior e algumas medidas legais e financeiras atuais tornam esta possibilidade muito mais remota.

Embora nós como investidores estejamos muito mais preocupados com o movimento da bolsa e dos nossos investimentos, um confisco ou congelamento da poupança ainda afetaria a todos. Elaborarei sobre como um cenário destes atualmente é pouco provável e como prosseguir a respeito disso neste post.

Continuar lendo “Confisco da Poupança? Só botando a mão no vespeiro”
podcast do pinguim

Podcast do Pinguim: Aporte, Liberdade, e o Fator Pinguim

A independência financeira é mais do que simplesmente uma condição de riqueza pessoal; ela simboliza a sua liberdade num mundo onde o dinheiro é a condição habilitadora para obter qualquer forma de produtos ou serviços na sociedade.

Desta forma, o quanto e como você usa o dinheiro refletem bem a sua condição e saúde financeira gerais. Especificamente, a sua taxa de aporte – o quanto você consegue economizar e investir todo mês – é uma medida vital que informa o quão rápido você conseguirá atingir a condição de independência financeira. Quanto maior ela for, mais rápido você chegará até a sua liberdade completa financeira.

Assim, podemos analisar como um fator que foi apelidado por um leitor de “Fator Pinguim” representa quão rápido você poderá chegar de fato até a independência financeira, e ele possui uma ótima notícia: ele não depende de quanto dinheiro você ganha.

Veja mais sobre como o Fator Pinguim funciona nas suas finanças neste episódio.

Continuar lendo “Podcast do Pinguim: Aporte, Liberdade, e o Fator Pinguim”

Enriquecer precisa ser um Sacrifício?

Quando investimos, sem dúvida nosso maior inimigo é nós mesmos, especificamente nossas emoções – que jogam contra nós quando precisamos ser racionais e tomar decisões calculadas.

Muitas vezes, elas nos impedem até mesmo de começar a investir por medo ou a sensação que estamos “deixando de aproveitar” ao investir o dinheiro ao invés de gastá-lo.

Na realidade, porém, nada poderia ser mais distante da verdade. Investir nunca deve significar sacrifício.

As sensações de segurança, prosperidade e conforto que provém de um portfólio avançado de investimentos são razão mais do que suficiente para “acalmar” qualquer um destes pensamentos de medo que podem surgir. E na prática, você não está se privando da oportunidade de gastar e aproveitar – você pode separar os horizontes e escopos dos investimentos que faz. Um exemplo seria aportar 50% para longo prazo (aposentadoria, etc), e 50% para curto prazo (viagens, uma compra grande, faculdade ou curso, etc).

Descubra neste vídeo como você se prepara mentalmente para lidar com estas tentações emocionais sobre investir e poupar.

Continuar lendo “Enriquecer precisa ser um Sacrifício?”

Estudo de caso #3 – Qual é o custo da independência?

Ganho em média 1200 reais. Devido a pequenos conflitos com minha mãe resolvi viver sozinha numa quitinete. Minha mãe irá cobrir parte dos gastos e eu irei pagar água, comida e transporte. Dá pra viver com 250 reais ao mês?

Sem dúvida, o sonho de quase todo jovem começando a trabalhar é sair debaixo da asa dos pais e morar sozinho, ou pelo menos fora da casa dos pais. Depois de anos vivendo na casa dos pais e com muita turbulência na adolescência, é normal que queremos viver nossa vida de forma independente.

A experiência não só tenha apelo emocional, mas também agregue muito no desenvolvimento individual. Mas, infelizmente, como diz o ditado: “não existe almoço grátis.” Morar sozinho, especialmente no começo da carreira profissional, traz custos altos e que podem impactar suas finanças numa hora crucial: na hora do despertar financeiro inicial.

Enquanto se tem a possibilidade de escolha, é fácil ver que morar dividindo com a família é uma boa forma para se controlar custos e ajudar no aporte, mas neste estudo de caso, surge uma outra pergunta: e se por motivo de força maior você precisasse sair de casa para viver sozinho? As vezes, o convívio dentro de casa é difícil, cheio de tumulto e conflito, e assim fica difícil para a pessoa encontrar paz para começar a se desenvolver pessoalmente.

Esta, infelizmente, é a situação do estudo de caso deste post. No caso, uma jovem – a chamaremos de Joana – fez a seguinte pergunta:

Embora o apelo emocional é grande, às vezes a procura obcecada pela independência pode mais atrapalhar do que ajudar. Que lições podemos tirar da situação da Joana?

Continuar lendo “Estudo de caso #3 – Qual é o custo da independência?”

Efeitos do FIRE: 30 coisas que eu não compro ou faço mais

Certo dia, quando voltei pra casa, percebi o caderno da Sra. Pinguim aberto numa página interessante, onde ela havia feito alguma forma de lista. Haviam várias coisas escritas, como “TV a cabo,” “Netflix,” “salão de beleza” que nem ela ou eu fazemos ou queremos fazer. Na hora, me deu um pequeno pânico: será que, finalmente, desalinhamos nossos valores e ela quer se desfazer da vida frugal?

Para meu alívio, ela logo veio me explicar. Não era nada de desejo, era simplesmente uma lista que ela conjurou durante a tarde pensando em como a nossa vida frugal evoluiu junto: tudo o que estava listado lá era alguma coisa que ela já fez como hábito anteriormente, mas não pratica mais, graças à mudança de mindset que tivemos.

Só de ver a lista dela, percebi que a evolução que tivemos era enorme. Gostei tanto da idéia que resolvi acrescentar algumas outras observações minhas e a lista cresceu ainda mais. Este post é uma listagem de todas estas observações, com alguns comentários sobre a minha opinião atual da coisa ou hábito.

O que eu constumava comprar ou fazer que hoje, como frugal, não faço mais?

Continuar lendo “Efeitos do FIRE: 30 coisas que eu não compro ou faço mais”

Dez anos depois: por que é tão difícil associar mudanças pequenas com grandes resultados?

Diz a história que quando Galileu Galilei tentou provar à sociedade italiana do século 16 que a terra girava em torno do Sol, os céticos retrucaram o argumento olhando as gaiolas de passarinhos da praça. Se a terra gira em torno do Sol como ele dizia, por que os pássaros da praça não caem das suas gaiolas?

O resto, como dizem, é história, mas desde aqueles tempos podemos ver que a mente humana não consegue visualizar mudanças sutis, surpreendendo-se apenas com uma mudança enorme ao longo do tempo.

Podemos ver este efeito em ação toda vez que alguém nas redes sociais posta alguma transformação antes e depois, ou algum throwback da vida; só percebemos os resultados quando eles têm uma transformação significante. Por isso nos impressionamos quando vemos fotos antes e depois da academia, prédios depois de completos vs durante o terreno baldio, e milionários que aparecem “da noite para o dia” sem ninguém ter acompanhado os anos de trabalho duro que eles tiveram que passar.

Para nós do FIRE esta realidade é rotina, pois sabemos que nosso projeto é para o longo prazo, e conversamente não podemos esperar mudanças grandes rápidas. Porém, alguns aspirantes e observadores do movimento FIRE e educação financeira se decepcionam com este fato; eles não veem o poder que pequenas mudanças – mas mudanças-chave – podem causar ao longo de uma grande jornada.

Este pode acabar sendo o maior tesouro do movimento FIRE: são aqueles menores hábitos, como escolher a fazer seu próprio café ao invés de comprar pronto todo dia, utilizar as lacunas de tempo que existem no seu dia, e simplesmente encontrar felicidade e conhecimento na rotina da sua vida que lhe levará à independência financeira ao longo da viagem.

Como as mudanças grandes se tornam resultado direto das nossas mudanças pequenas cruciais?

Continuar lendo “Dez anos depois: por que é tão difícil associar mudanças pequenas com grandes resultados?”